Dicas de Cordel

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Cordel - Crônica Popular: BRINCADEIRAS DE CRIANÇAS DO MATO!

Como brincam as crianças que não vão a shopping, nem mesmo aos camelôs, não frequentam parques, não conhecem cinema e não vivem em cidade nenhuma?

Nascidos na natureza, no meio do mato, crianças do campo, passarinhos de pernas e braços que não podem voar com seu corpo humano, mas abrem as asas da imaginação e vão a lugares que pássaro nenhum consegue alcançar, autores de suas próprias brincadeiras e histórias.

Crianças da roça, nascidos na mata ou no mato, matutos. Camponeses filhos de Deus em proles da terra, que nascem e que crescem como a seiva do campo, que se descobrem lá.

Como brincam essas crianças, quais são os seus brinquedos e brincadeiras?

As meninas brincam de bonecas de milho. As espigas maiores são as mães, as menores as filhas. As palhas em forma de conchas são berços e camas. Escondidas entre o milharal viajam seus sonhos e acalentam o sonho da maternidade.

As pedras quadradas são mesas e os seixos miúdos bancos ao redor. A casa está pronta e enfeitada, com florzinhas de muçambê que dá gosto ver e brincar.

Para os meninos, cavalo de pau a correr no curral, a tanger os seus bois irreais. Animais ariscos com pulos e cismas ciscam no terreiro quase em desespero para lhes derribar. Segura menino, segura o destino de vaqueiro de sonhos para os bois bisonhos que irás pegar.

Para brincar de fazenda, a sombra do juazeiro, além de ser bem fresquinha, oferece ali todos os animais do seu cotidiano. Com os galhos espinhentos do juazeiro dá para fazer, bem direitinho: bois, cavalos e cachorros. É a criança artesã, criando as peças de suas brincadeiras, provendo suas necessidades com criatividade sem se desprender do seu interior.

Outras brincadeiras. Ah! Outras brincadeiras: briga de galo. Dessas violentas em rinhas montadas para ferir o animal? Que nada! Os galos são sabugos de milho, guardados a sete chaves para os dias de embate.

Regra: com uma mão o sabugo é sustentado firmemente na extremidade mais fina em posição horizontal para que o primeiro desafiante desça a sarrafada com o seu sabugo, invertendo-se na sequência a posição até que um dos sabugos seja quebrado.  Quem ganha, já viu, é festa, alegria, diversão, brincadeiras. Parece pouco, mas é tanto que não se sabe o quanto sem vivenciar.

Tudo isso se vivia, predominantemente, até há pouco tempo, quando ainda não havia a tecnologia da informação, que agora invade a zona rural do Sertão. Pois que além da televisão, a internet agora campeia os sítios longínquos dos nossos Brasis. Mas, embora pareça deixar tudo perto, quando abertos os olhos fora da tela do computador, a vida no entorno continua real e de sonhos, para as mesmas brincadeiras de essência lúdica, pura diversão.

 

 

 

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